quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

o conterrâneo

O Seu Valdir estava sentado na chuva fina, murrinha. Podemos continar com nossa história? Sim, podemos, eu me lembro da senhora. Eu vim de Santo Ângelo com minha mãe que foi atrás das filhas. Tenho duas irmãs. O senhor não poderia morar com uma irmã? Poder poderia, moça, mas minhas pernas não dão, ela mora lá encima, num caminho picoso, melhor eu ficar aqui embaixo, em Teresópolis, moro com meu amigo Paulo. Eu sei falar direito, tenho boa expressão. Fui militar. O que a gente nunca pode perder, é a expressão. E a humildade. Preso ele nunca foi, Dona, ele estava foragido da polícia. Mas agora nada mais importa, não vão mais pegá-lo, ele é finado. Seu Valdir começou a chorar. Peguntei se ele era muito, muito amigo dele. O Ismael era muito mais do que um amigo, era meu conterrâneo.

2 comentários:

  1. Gostei do seu blog, uma história triste e real, um realismo brutal. Vou acompanhar sua história.

    ResponderExcluir
  2. sim, totalmente brutal, e cada dia fica pior a história pela absoluta falta de perspectiva para todos

    ResponderExcluir