terça-feira, 1 de março de 2011

glamour e pobreza

Passei hoje nos meus moradores da rua Leopoldo Boehl, Leonel estava lá, sentado, esperando a Prefeitura, já que eu tinha deixado um recado para ele de que iriam aparecer...pelo linguajar da resposta da Prefeitura isso pode durar muito, se um dia se realizar, foi mais ou menos assim: os orgãos competentes vao tomar as medidas cabíveis....bom, vamos ver.
Nenhum deles está passando fome, parecem bem nutridos, não é uma miséria tipo Biafra, é mais uma tragédia para a alma: abandono total, exclusão da sociedade. Mas eles tem a turma, estão sempre juntos. Me lembra a cozinheira do filme de Vik Muniz: "LixoExtraordinário", depois que ela conseguiu um dinheiro para montar seu próprio negócio não gostou e voltou para o lixão, sentindo falta dos amigos.
O enfeite todos almejam, se pintar, se vestir, aparecer, ser galamouroso. Como no Carnaval, por exemplo. Ter algo que não serve para nada específico, apenas ser bonito. A inutilidade em sí (a não ser que a gente volte para a evolução/plumas/pássaros/canto/encanto para conseguir um par para procriar). Eu tenho algo que é bonito, que é o que é sem querer ser nada: uma rosa é uma rosa, é uma rosa...As rosas não falam. Simplesmente as rosas exalam (Stein/Cartola- cito logo, se não vou ter que me demitir por plágio, :) )

Um comentário:

  1. São seres vivos (humanos) reagindo aos estímulos do meio ambiente, inclua-se aí a prefeitura, como um desses estímulos.
    Os moradores de rua não podem ser interpretados apenas como um mal social (talvez na maioria das vezes sejam) mas como uma forma de comportamento (não muito comum) da nossa espécie.
    Estes indivíduos estiveram e estão presentes em qualquer sociedade. Sempre reagindo de uma forma extremamente simples em relação as suas necessidades, quando digo simples, me refiro ao oxigênio que entra naturalmente em seus pulmões, a uma fonte de água e algum alimento. Outras necessidades como moradia, vestuário, transporte, saúde, etc., não fazem parte do seu dia a dia. A natureza está cheia de exemplos de indivíduos que vivem às custas de outros. Temos casos inclusive entre vírus, que apresentando uma estratégia de "trapaça" (utilizando para si a maquinaria de duplicação de outro vírus no interior da célula) conseguem evoluir e levam vantagem sobre aqueles que cooperam. É claro que não haveria condições de manter uma população apenas de trapaceiros (ou apenas de moradores de rua), mas uma pequena proporção dentro da população sempre é possível. A adaptabilidade é um ponto forte dessas pessoas. Fome, sede, frio, resistência aos vírus, bactérias, fungos, parasitas internos e externos, fazem valer as regras Darwinianas da seleção natural, sobrevivendo apenas os organismos mais adaptados ao seu meio ambiente.
    Os indivíduos que cooperam sempre serão maioria dentro da população e sempre se sujeitarão a manter todos aqueles que não cooperam, sejam sem tetos (na rua), sejam assassinos (na prisão), sejam loucos (no hospício). Por que eles se sujeitam a isso? Essa é a questão. Por que é importante manter esses comportamentos dentro da espécie? Com certeza deve haver alguma vantagem adaptativa nisso. Os que cooperam (nós) sabem da importância dessa variabilidade, precisamos dela para compreender nós mesmos. No dia em que tivermos aprendido tudo, quem sabe o comportamento egoísta se sobreponha e passe a eliminar da população todas essas facetas. Acho que não estamos longe!!! Quantos moradores de rua já foram assassinados ultimamente? Aff!!!

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